
Desde quando pessoas LGBTQIA+ podem doar seu sangue?
Em 2020 pessoas LGBTQIA+ enfim puderam doar sangue sem restrições específicas. Tal conquista veio da decisão do STF que deu fim a medidas sanitárias LGBTfóbicas.
Para entender o porquê desse direito ter sido negado por anos e o que muda com a decisão do STF, o Bicha da Justiça fará um resumo de tudo relacionado ao tema.
Por quê pessoas LGBTQIA+ não podiam doar sangue?
Durante o auge da epidemia de Aids, parte da comunidade LGBTQIA+ esteve diretamente associada a doença. Inicialmente homens homossexuais foram identificados como as principais vítimas do HIV. Juntamente com mulheres transgenêras, o grupo se consagrou como a maioria dos infectados nas décadas de 80 e 90.
Em vista disso criou-se a ideia de grupo de risco, no qual continham-se pessoas propícias a contraírem o HIV. Tal categoria era composta por homens que se relacionavam com outros homens; mulheres transgêneras e travestis; profissionais do sexo, usuários de heroína, haitianos e hemofílicos.
Na época mais crítica da Aids, já se sabia que o vírus poderia ser transmitido por meio de transfusão de sangue. Desse modo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou, em janeiro de 1998, a Portaria Nº 34. Tal documento inseria empecilhos para pessoas do grupo de risco doarem sangue nos hemocentros. No caso de pessoas LGBTQIA+, era exigido abstinência sexual de 1 ano para ser permitida a doação.
Em fevereiro de 2016, o Ministério da Saúde também desenvolveu a Portaria Nº 158 que, de modo geral, teve mesma função do regulamento anterior criado pela ANVISA.
No entanto já é consenso na comunidade médica que não existe grupo de risco. Na verdade, o que é reconhecido é comportamento de risco. Podendo ser cometido por qualquer pessoa. Alguns exemplos seriam praticar sexo sem preservativo e com múltiplos parceiros sexuais.
Assim, as Portarias criadas pelas instituições sanitárias eram discriminatórias, motivo pelo qual não deveriam subsistir nos dias atuais.
STF decide que pessoas LGBTQIA+ podem doar sangue
A partir dessa demonstração de lgbtfobia institucional iniciou-se um processo judicial para avaliar a constitucionalidade de tais regulamentos. O tema já provocava inúmeros debates até que, em 2017, o julgamento teve início no STF. Entretanto, pouco depois o ministro Gilmar Mendes fez um pedido vista, suspendendo a decisão da corte.
Somente em 2020, com os baixíssimos níveis de sangue nos hemocentros – consequência da crise sanitária provocada pela Covid-19 – o STF decidiu rever o caso. Com um placar de 7 a 4 a corte considerou a norma ilegal. Permitido, assim, que a população LGBTQIA+ possa doar sangue sem restrições prévias em razão da sexualidade ou identidade de gênero.
Conheça outros direitos LGBTQIA+ recentemente conquistado em: Direitos LGBTQIA+ alcançados nos últimos anos
O que muda com a decisão do STF pela doação de sangue LGBTQIA+?
Com essa decisão, os hemocentros estão obrigados a se adequarem à nova realidade de doação de sangue. Ou seja, sem mais exigir abstinência sexual de 1 ano para pessoas LGBTQIA+.
Sem essa solicitação de quarente, a doação do sangue de pessoas da comunidade se torna muito mais simples. Basta ir ao local indicado e doar seu sangue. Sem mais restrições.
Saiba mais em: Curiosidades que todo advogado que pretender atuar em prol dos direitos LGBT deveria saber
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Levei meus alunos para doar sangue hoje, dia 22/12/2022. Um jovem LGBT foi impedido de doar. Como proceder? A lei de está em vigor, certo?
Oi, Jéssica.
Sim. O impedimento não deveria ter acontecido.
Se quiser saber mais informações sobre como proceder diante desses casos, pode entrar em contato com a gente através deste link.
Muito obrigado pela matéria completa e esclarecedora! Não deixem de conferir o site https://eupaciente.com.br para mais dicas de saúde.
Estamos fazendo uma pesquisa sobre isso, ajudem a gente:
https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/usp-busca-homens-que-se-relacionam-com-homens-para-estudo-sobre-doacao-de-sangue/