A linguagem neutra é cada vez mais adotada na TV aberta, cultura Pop e mídias sociais

A linguagem neutra é cada vez mais adotada na TV aberta, cultura Pop e mídias sociais

21 de outubro de 2021 1 Por Bicha da Justiça
Linguagem neutra
Parada da Diversidade de Pernambuco/2017 – Foto: Wilson Maranhão/Cortesia.

 

É de fundamental relevância a adoção de linguagem neutra em produtos televisivos e conteúdos midiáticos como mecanismos para um maior alcance e massificação do processo de desconstrução de preconceitos e no combate à violência contra a comunidade LGBTQIA+.

 

Por Wilson Maranhão, do Blog Bicha da Justiça.

 

Como mais recente exemplo: a da TV aberta, com a confirmação da adoção da linguagem neutra no enredo da nova novela ‘das sete’ (19h) – Cara e Coragem, da TV Globo -, fica cada vez mais evidente o uso das pautas progressistas em prol do fortalecimento da comunidade LGBTQIA+.        

Esse fato culmina no impacto direto, fundamental e de grande relevância para o fortalecimento do processo de desconstrução do preconceito de uma sociedade machista que defende “os valores morais da família tradicional brasileira”, sendo uma nação que ostenta a primeira colocação no trágico ranking de países que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.

 

Vai ter linguagem neutra na nova novela ‘das sete’ da Globo

 

Recentemente, causou grande repercussão nas redes sociais e nas manchetes de entretenimento, a notícia que a emissora carioca confirmava a adoção da linguagem neutra em seu mais novo projeto de teledramaturgia. 

O enredo de “Cara e Coragem”, da autora Claudia Souto, adotará termos como todes, elu e delu, e entre outros, como exemplos de linguagem não tão comuns no cotidiano, principalmente, para o grande público que consume a grade de programação da TV aberta, sendo o meio consumido por mais de 60% da população brasileira.

Em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo, a autora do seriado, Claudia Souto, destacava: “O público de novelas é apresentado todos os dias a novos sotaques, gírias e palavras. Não é diferente com o gênero neutro. Logo se darão conta de que é uma nova forma de expressão. Acho relevante que seja mostrada numa obra de tanto alcance”, destacou a escritora.

Bicha da Justiça também enxerga de fundamental relevância a adoção de linguagem neutra em teledramaturgias e conteúdos midiáticos como mecanismos para o maior alcance e massificação dos processos de desconstrução dos preconceitos e no combate à violência a comunidade LGBTQIA+.

Uma forma de fortalecer a educação da população brasileira sobre a importância da ruptura da discriminação contra esta parcela da população que, por meio do seriado,  alcançará você, a sua avó, o seu avô, sua mãe, seu pai, sua família e a todes.

 

É mais do que novela: Uso de linguagem neutra potencializa o processo de desconstrução de uma sociedade que mais comete crimes contra pessoas trans e travestis no mundo

A luta da comunidade LGBTQIA+  por local de fala, inclusão e espaços é constante.  E a adoção do uso da linguagem neutra nos conteúdos de TV, livros, cultura Pop e mídias sociais são a força motriz para o avanço das pautas progressistas em prol da comunidade LGBTQIA+.

E não se engane se você achar que isso não impactará o grande público. Vai sim! Isso porque, quanto mais o uso da linguagem neutra alcançar a grande massa, mais vezes os termos apropriados da linguagem neutra estarão na boca do povo. 

E isso sim ajuda no processo de desconstrução do preconceito que, futuramente, pode refletir na queda dos lamentáveis e cruéis índices da violência sofrida pela comunidade LGBTQIA+. Esse trágico cenário é evidenciado em estatísticas e joga luz no debate deste triste conjuntura que precisa urgentemente mudar. Mais que necessário!

Segundo dados do levantamento feito pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) – divulgados em seu boletim N° 002-2021 -, mostra que o Brasil registrou no primeiro semestre deste ano, um total de 89 casos de morte de pessoas trans, sendo destes, 80 assassinatos e nove suicídios.

Além disso, no mesmo período, segundo o levantamento, foram contabilizadas 33 tentativas de homicídio e 27 violações de direitos humanos.  Já nos 12 meses de 2020, a Antra contabilizou um recorde nos dados de assassinatos contra travestis e mulheres trans, com um total de 175 casos, consolidando-se como o ano mais violento com o maior número de CVLI’s (Crimes Violentos Letais Intencionais) contra essa parcela da população.

Fato que leva o Brasil a ostentar a liderança no ranking mundial em assassinatos de pessoas trans e travestis em número absolutos. Ou seja, esse é um debate que precisa estar presente diariamente no cotidiano da população brasileira, seja por meio de uma teledramaturgia, ou nos espaços de ampla massificação.

É importante dizer: Parem de matar pessoas trans e travestis!

Todes nós merecemos viver!

 

Agora que você sabe o que a gente faz, como a Bicha da Justiça pode ajudar você?