Brasil, o país mais violento para pessoas LGBTQIA+ no mundo; veja os atuais dados da violência e entenda a importância de desconstruir

Brasil, o país mais violento para pessoas LGBTQIA+ no mundo; veja os atuais dados da violência e entenda a importância de desconstruir

6 de dezembro de 2021 3 Por Bicha da Justiça
O Brasil segue por anos seguidos como a nação que mais mata pessoas trans e travestis no planeta, além disso, o país continua sendo o lugar mais violento – em ambos os aspectos e crimes -, para pessoas da comunidade LGBTQIA+. FOTO: AFP.

 

Por Wilson Maranhão, do Blog Bicha da Justiça.

Primeiramente – apesar da importância de dá luz ao debate como processo de desconstrução -, mas esse é um tipo de título que traz uma realidade que todes nós não gostaríamos de relatar, tampouco que existisse. No entanto, temos sim que continuar afirmando, infelizmente, que o Brasil segue por anos seguidos como a nação que mais mata pessoas trans e travestis no planeta, além disso, o país continua sendo o lugar mais violento – em ambos os aspectos e crimes -, para pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Dados

Essa brutal e trágica realidade é constatada nas estatísticas apontadas por centros de pesquisas e monitoramento de dados da Segurança Pública no país. O mais recente é o da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) – divulgados em seu boletim N° 002/21 -, aponta que no primeiro semestre deste ano, foram registrados 89 casos de morte de pessoas trans e travestis, sendo, 80 CVLI’s (Crimes Violentos Letais Intencionais) e nove suicídios. Segundo a entidade, no mesmo período, houveram ainda 33 tentativas de homicídio e 27 violações de Direitos Humanos. Em 2020, o levantamento do ANTRA apontou um número recorde de assassinatos contra travestis e mulheres trans, com um total de 175 casos, consolidando-se assim como o ano com mais CVLI’s contra essa parcela da população.

Outro lamentável número é de que em 2020, houve um aumento de 20% nos casos de crimes contra a população LGBTQIA+, segundo dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que é um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP), no qual aponta esse escalada em crimes de violência contra esta importante parcela da população em 202020.

No entanto, sabemos que essa realidade pode ser ainda pior, pois existe a subnotificação dos números e problemas na disponibilidade e fornecimento de dados para afins públicos. Outro dado do Anuário aponta que em 2020, foram registrados no país, 4 casos de LGBTfobia por dia.

Ou seja, o debate da violência contra a comunidade LGBTQIA+ precisa estar presente diariamente no cotidiano da população brasileira.

Precisamos mudar esta cruel realidade.

É importante dizer: Parem de matar pessoas trans e travestis!

Todes nós merecemos viver!

 

Mas afinal, o que leva o Brasil à condição de líder no ranking mundial de violência contra pessoas LGBTQIA+?

A lastimável realidade encontrada na estatística de que a cada 20 horas, uma pessoa LGBTQIA+ morre no Brasil, segundo dados da ONG Grupo Gay da Bahia. Fato que esse levantamento, assim como outros, eleva o Brasil a condição de liderar o ranking mundial em assassinatos de pessoas trans e travestis em números absolutos. E daí fica a indagação: o que faz levar o país a ostentar essa nefasta posição de liderar o ranking de assassinatos contra a nossa população?

Para a nossa advogada e  especialista em Direito Público e Direito Homoafetivo e de Gênero, além de cofundadora da Bicha da Justiça, Bruna Andrade, essa lamentável realidade é configurada por vários fatores, porém, na opinião dela, é necessário pontuar o preconceito enraizado como um dos principais causadores para esses lastimáveis dados. “Primeiro porque o preconceito ele é enraizado. Portanto, de modo geral, é difícil quebrar esse ciclo de LGBTfobia enraizado na sociedade. Na verdade, a sociedade não acorda da da noite pro dia já com a violência propriamente dita. Existe todo um ciclo de violência i invisibilidade que antecede essa violência mais extremada que é o resultado morte. Então, por trás dos casos de crime contra a pessoa LGBTQIA+, em razão da homossexualidade e identidade de gênero, estão inúmeras outras questões do cotidiano que às vezes passam batido ou não são denunciados, contribuindo assim, para que essa esteira de violência continue”, destaca Andrade.

Ela continua a pontuar: “Segundo que o fator do preconceito é uma questão cultural do país. Enraizada na cultura. Então, muita coisa é considerada como piada, uma brincadeira, quando na verdade não é. Tudo isso contribui de forma significativa para o preconceito. Terceiro fator é que o fato que temos hoje um representante político (despresidente Jair Bolsonaro – PL/RJ) que já foi condenado por LGBTfobia, além de assumidamente lgbtfóbico, achando que é bonito ser isso, acaba incentivando com que as pessoas adotem o mesmo discurso de ódio. Podemos afirmar que o Bolsonaro foi o maior desserviço que nós tivemos nos últimos anos em relação a esse negativa contribuição para uma ideia de LGBTfobia”, complementou Bruna.

 

O que a Bicha da Justiça tem a colaborar para a desconstrução  desse lastimável cenário da violência lgbtfóbica?

A educação social, jurídica e corporativa para fomentar a construção constante de pautas progressistas em prol da defesa e promoção dos direitos da comunidade LGBTQIA+  são os nossos principais pilares para darmos continuidade em nosso importante e significativo papel como empresa que vai à luta pela garantia do respeito e da liberdade para pessoas que englobam esta importante parcela da população.

Para a nossa advogada Bruna Andrade, que em 2017 ajudou a fundar a Bicha da Justiça, o papel da startup é de lutar pela quebra do conformismo e da banalização dos crimes lgbtfóbicos, garantindo assim, a preservação da defesa dos direitos da comunidade LGBTQIA+. Ela detalhe que:

“Primeiro na questão da educação, como principal pilar no qual atuamos. A partir do momento que a população não tem formação de seus próprios direitos. Isso abre lacuna e cegueira que faz com que haja o conformismo em relação a estas instituições oficiais. Portanto, trabalhar com educação, de conscientizar a respeito da existência dos direitos já é o primeiro passo para perde essa ‘cegueira’, além de uma transformação, movimento de mudança. Pois, que não tem conhecimento de que vivencia uma violação de direitos, não busca a mudança”, detalhou Andrade.

Ela continua a pontuar que: “Em segundo, nossa atuação traz representatividade jurídica pra essa população, sempre mais forte e acolhida para lutar e perseguir seus direitos. Não aceitar um ‘não’ como resposta. Portanto, acredito que a gente (Bicha da Justiça) contribui nesses dois pilares; o da educação e formação que contribui para retirada da ‘viseira’ e, além disso, nesse auxílio da inclusão, de fazer parte do movimento de transformação”, enfatiza Bruna Andrade.

 

Agora que você sabe o que a gente faz, como a Bicha da Justiça pode ajudar você?